Não é à toa que o ideograma chinês para a palavra “crise” é o mesmo para a palavra “oportunidade”.

Na milenar ideologia chinesa, uma crise é uma oportunidade de mudança. Os momentos de crise levam-nos a uma forma pragmática de olharmos a coisa: ou nos afundámos nela, ou renascemos dela. Encarar as coisas em “banho-maria”, num meio-termo indefinido é o primeiro passo para o afundamento… e é para esse afundamento que caminhamos a passos largos com os patos do costume a grasnar por dá-cá-aquela-palha e o povinho a entreter-se a chuchar a espinha ao bacalhau, enquanto pode comprar bacalhau…

Ora, numa altura em que a situação política, e económica, nacional se deteriora a olhos vistos, surge o dragão oriental a aproveitar a oportunidade para “estender uma mão amiga”. Onde nós vemos a crise, a China vê a oportunidade, e lança-se sobre ela, aproveitando-a para tentar ganhar um novo aliado económico, na Europa, e, não esqueçamos esta, que será provavelmente a principal razão, um aliado político na ONU, numa altura em que Portugal conquistou um lugar como membro não-permanente no Conselho de Segurança.

Com tudo isto resolve-se o problema veraneante dos incêndios, pois já vai interessar deixar crescer as árvores. A indústria madeireira floresce, pois a procura de pauzinhos vai aumentar. O povinho continua entretido, desta vez com o arroz xau-xau, que até é mais rico e colorido. E a crise fica pseudo-resolvida e a saber a pato…