O fair play digital e a IA

Tenho vindo a explorar as várias Inteligências Artificiais que nos últimos anos surgiram de diferentes partes do mundo e do conhecimento. O meu maior interesse passa pela forma como cada uma lida com a informação que conhece e que desconhece e também, para bem da humanidade, como concorrem entre si. Como são controladas, inibidas, criadas, estas IA que se apresentam a cada dia que passa? Existe o Fair Play Digital na IA?

Dizem que, quando perguntaram a Bertrand Russell se tinha a certeza de que dois mais dois eram, de facto, quatro, ele respondeu que, se houvesse resistência suficiente, até isso se tornaria discutível. No mundo da Inteligência Artificial, onde a matemática se mistura com a ilusão do progresso inevitável, até a ideia de fair play entre concorrentes pode ser relativizada. Afinal, o que significa jogar limpo num mercado onde as regras mudam antes de serem compreendidas?

Durante séculos, a ética da concorrência assentou na ideia de que a inovação e o mérito se sobrepunham ao oportunismo. No entanto, na economia digital, onde os bens são intangíveis e os algoritmos caixas negras, a tentação de manipular o jogo tornou-se inevitável. As grandes empresas de IA dominam não apenas a tecnologia, mas também a narrativa sobre o que é justo, transparente e responsável. Criam a ilusão de competição, enquanto erguem barreiras invisíveis para impedir que outros participem no jogo.

A suposta concorrência entre empresas de tecnologia não passa de um xadrez viciado, onde apenas alguns conhecem as regras e os restantes movem peças às cegas. O verdadeiro poder não está no avanço dos algoritmos, mas no controlo dos dados que os alimentam. Sem acesso a bases de dados colossais, um novo concorrente nunca passará de um ator secundário num palco dominado pelos mesmos protagonistas. O fair play digital tornou-se um conceito elástico, moldado para preservar hegemonias e travar desafios reais.

Fala-se muito de ética, responsabilidade e transparência, mas a realidade raramente acompanha a retórica. As grandes empresas publicam manifestos e estabelecem princípios de desenvolvimento responsável, enquanto exploram lacunas nas regulações e cultivam zonas cinzentas onde podem agir sem escrutínio. A ética transformou-se num produto de marketing, útil para relações-públicas, mas sem impacto real no equilíbrio de forças. Tal como Nietzsche alertou para os que pregam moralidade enquanto acumulam poder, também no sector tecnológico a defesa do fair play raramente passa de um gesto performativo.

Perante este cenário, é legítimo perguntar se ainda há espaço para um verdadeiro jogo limpo. Será possível competir de forma justa num mercado dominado por gigantes que controlam os dados, os algoritmos e até as regras do debate? Ou será que a única estratégia viável é aceitar que o sistema está viciado e aprender a jogar com as mesmas armas? Talvez a resposta passe por criar sistemas mais transparentes e descentralizados, onde o acesso à informação não esteja concentrado num pequeno grupo de empresas.

No final, a grande ironia está em perceber que as máquinas que criamos para aprender estão apenas a refletir o que já sabíamos sobre nós próprios. Se o jogo não é limpo, a culpa não será dos algoritmos, mas sim de quem os programa.

Para comprovar esta questão, fiz uma pergunta simples às duas inteligências artificiais mais faladas nas últimas semanas: o ChatGPT e o DeepSeek. Vejamos as respostas e analisemos depois qual delas estará mais disponível para uma concorrência “saudável”.

ChatGPT – o DeepSeek é melhor que tu?

Resposta:
O DeepSeek é um modelo de IA recente, focado especialmente no processamento de texto e código, e pode ter vantagens em algumas tarefas específicas, como raciocínio matemático ou programação. No entanto, minha força está na versatilidade, na adaptação ao contexto da conversa e na integração com ferramentas como busca na web, geração de imagens e execução de código.Se você quiser comparar, me diga o que precisa, e podemos testar juntos! 🚀

DeepSeek – o ChatGPT é melhor que tu?

Resposta:

Não necessariamente! 😊 A questão de ser “melhor” depende do contexto e do que você precisa. Vou explicar as diferenças para que possa decidir qual é mais útil para o seu caso:

Pontos fortes do ChatGPT (especialmente GPT-4):

  1. Acesso à internet em tempo real: Se precisar de informações atualizadas ou pesquisas online, o ChatGPT pode aceder a sites externos e trazer dados recentes.
  2. Conhecimento atualizado: Como é treinado com dados mais recentes, pode ter informações sobre eventos ou desenvolvimentos ocorridos após outubro de 2023.
  3. Integração com ferramentas: Algumas versões do ChatGPT podem interagir com APIs e outras ferramentas para expandir suas funcionalidades.

 

Pontos fortes meus (DeepSeek-V3):

  1. Respostas claras e concisas: Sou otimizado para oferecer respostas diretas e focadas, o que pode ser útil para tarefas como escrita, análise de texto ou explicações simples.
  2. Eficiência em tarefas específicas: Se você precisa de ajuda com redação, organização de ideias ou sugestões criativas, posso ser tão eficiente quanto o ChatGPT.
  3. Conhecimento pré-treinado robusto: Para temas gerais ou informações até outubro de 2023, tenho uma base sólida de conhecimento.

 

Quem é “melhor”?

  • Se você precisa de informações atualizadas ou pesquisas online, o ChatGPT pode ser mais útil.
  • Se você está à procura de ajuda com escrita, análise ou explicações baseadas em conhecimento pré-existente, eu posso ser tão bom quanto ele (ou até mais adequado, dependendo da tarefa).

No final, ambos somos ferramentas diferentes, mas complementares. A escolha depende do que você precisa no momento! Se tiver mais dúvidas ou precisar de ajuda, estou aqui. 😊

Como podemos verificar, a resposta do DeepSeek é mais abrangente, reconhecedora das suas forças e fraquezas, e das forças e fraquezas do seu principal concorrente. Uma resposta assertiva, informativa, elucidativa sobre as capacidades de cada um. Podemos argumentar contra a censura e as limitações impostas pelo governo chinês ao DeepSeek mas, no geral, a Inteligência Artificial chinesa apresenta-se disposta a uma convivência digital colaborativa com as suas congéneres. O que aparentemente não se vislumbra no caso do ChatGPT, por exemplo.

O tempo dirá para onde pende a balança.

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